Cá entre nós...

quarta-feira, setembro 27, 2006

Ansiedade!


Dentre todos os meus pontos fracos, julgo a ansiedade como o pior deles. Esta, por si só, não causa muitos estragos, mas é responsável pelo desequilíbrio da mente, fazendo com que outros defeitos venham à tona de maneira mais contundente e perigosa. No meu caso, andava muito ansioso por conta do desemprego, que acredito já não ser mais um problema. Após longos quatro meses de espera, finalmente estou empregado e um pouco menos intranqüilo com minha situação, embora ainda não tenha começado a trabalhar.
Quem me conhece pode até dizer que eu não precisava ficar preocupado com a ociosidade, pois uma boa oportunidade de emprego apareceria na hora certa. O duro é que, enquanto a hora certa, que é algo bem vago por sinal, não chegava, fui minado pela ansiedade. Tudo nessa hora parecia conspirar contra mim. Não conseguia concentrar-me para fazer coisas simples, como ler um livro. Nessas horas, nada melhor que uma família estável para dar-nos uma injeção de ânimo e transmitir-nos a calma necessária para tocarmos em frente
Durante as entrevistas pelas quais passei, todos os entrevistadores, sem excessão, me perguntaram qual era minha maior qualidade e pior defeito. Sobre o defeito, respondia sem pestanejar: a ansiedade. Os candidatos adoram responder que tem esse defeito, pois ele não tira a credibilidade do candidato, como a preguiça, a inveja ou alguns outros pecados capitais tirariam. Só que no meu caso eu estava sendo muito sincero em minha resposta.
Passei por vários processos de seleção desde o final da Copa, mas infelizmente poucos deram em alguma coisa. Respira-se um ar carregado na sala de espera onde os candidatos aguardam para serem entrevistados. Um ar impregnado pela competitividade natural existente entre os concorrentes que ali estão. Entretanto, passo por cima do nervosismo e vou sereno para a entrevista. Agora, o que me mata é a espera entre a entrevista e o tal telefonema ou e-mail que trará a resposta, dizendo se fui ou não aprovado. Recebo um eventual "não" com naturalidade, mas enquanto uma resposta, positiva ou negativa, não vem, fico a mercê de minhas fantasias, imaginando como seria o novo trabalho, os novos colegas, o ambiente, o desafio. Daí surge aquela vontade quase incontrolável de passara mão no telefone, ligar para a empresa e pedir para que eles, com o perdão da expressão, "caguem ou desocupem a moita", para que eu possa partir pra outra ou me preparar para o início do trabalho.
Entretanto, consigo até que razoavelmente controlar a ansiedade para não tomar decisões precipitadas, que poderiam até comprometer meu futuro. Por exemplo: abri mão de um emprego em São Paulo porque acreditei que conseguiria coisa melhor. Consegui, realmente. Mas quando o assunto é emprego, já tentaram trocar o certo pelo duvidoso? Dormi muito mal algumas noites por conta das tais incertezas e, consequëntemente, ansiedade.
A ansiedade me acompanha há muito. Fico ansioso ao aguardar um telefonema, ao esperar alguém no restaurante, ao visitar blogs que eu adoro e ver que os seus donos ainda não o atualizaram com algum texto maravilhoso, ao querer que as coisas aconteçam no meu tempo. Tenho tentado trabalhar isso há algum tempo e posso afirmar que não é fácil.
A verdade é uma só: preciso compreender que tudo tem sem tempo e que não posso esperar que todas as coisas no mundo andem de acordo com a velocidade dos meus vinte e poucos anos. Falar é fácil. Controlar a ansiedade, muito difícil.

terça-feira, setembro 19, 2006

Enquanto isso, os corajosos...


Terça-feira, 19 de setembro, 14h17. Estava eu sentado confortavelmente no sofá lendo a VEJA, quando de repente toca o telelefone. Minha namorada inicia o seguinte diálogo:

Ro: Oi, Amor. Tudo bem?
Gui: Oi, Gatinha. Tudo, e aí?
Ro: Tudo certo. Tô te ligando pra contar uma novidade que acabei saber.
Gui: Hã...
Ro: Sabe a Verônica, aquela minha amiga?
Gui: Sei, a que trabalha no Nordeste?
Ro: É, ela mesma! Então, está se desligando da empresa e indo embora pra França.
Gui: Tá indo embora pra morar com a namorado em Paris?
Ro: É, o Torquato vai ficar lá estudando pela empresa um ano e pouco, e ela decidiu que quer morar com ele lá. Eu perguntei pra ela o porquê dessa decisão. Sabe o que ela me respondeu?
Gui: Não!
Ro: Que estava indo embora porque queria ser feliz!
Gui e Ro: Nossa, que ótimo pra ela e blá blá blá...
* Essa conversa via telefone de fato ocorreu, apenas os nomes utilizados no diálogo são fictícios.

Enquanto dialogava com minha namorada, após ela ter me dado alguns detalhes da decisão de sua amiga, veio-me à cabeça um comercial de TV da Coca-Cola Ligth. Talvez se lembrem dele, não é muito antigo. Era uma propaganda que exaltava as pessoas que tinham a coragem de fazer algo novo, mesmo que insano, aos olhos da sociedade. Me recordo bem de duas passagens desse comercial, onde os personagens eram muito aplaudidos. Um por ter largado um bom emprego e abrir um quiosque na praia, e uma moça que, ao invés de ficar esperando que seu paquera a telefonasse, tomou a iniciativa de ligar pra ele.
Apesar desse diálogo ter muito em comum com meu último post, não pretendo ficar chovendo no molhado, mas achei oportuno destacar que ainda existem pessoas fazendo coisas grandes em prol da própria felicidade. Trata-se de um grande exemplo, que quis dividir com vocês.
Conheci a Verônica, que nem é Verônica, através da minha namorada. São amigas há anos, embora não tivessem se visto durante muito tempo. Na ocasião, ela estava com o coração partido pois seu namorado estava indo passar uma temporada na França. Mesmo não a conhecendo muito bem, deu pra perceber que ela estava com o coração partido.
Após recebermos a notícia de sua ida para a Europa, através da própria Verônica, ficamos ambos muito felizes em saber que ela está partindo em busca da própria felicidade. Muitas vezes as realizações exigem medidas extremas, mas quem disse que a vida é fácil? Parabéns a ela e a todos que tem a coragem de tomar as rédeas de suas vidas.

domingo, setembro 10, 2006

Seja você mesmo, mas seja original!

Nada como enxergar o mundo através de uma perspectiva diferente. Se o mundo anda muito igual, mudemos nós! Acho que li algo assim no blog da Yvonne, acompanhado de uma simpática figurinha de uma ovelha desgarrada. Então, um brinde à ovelha!
O feriado chegou ao fim. Entre os ótimos e os não tão bons momentos vividos durante esses quatro dias, aprendi uma valiosa lição: fazer as coisas sempre de um jeito único. É até gozado, mas quando pensamos em fazer algo, temos a idéia fixa de que podemos inovar, visando sempre os resultados e nunca os meios. Como seria dito na administração moderna, sendo eficaz (fins) mas não eficiente (meios). Ou seja, o resultado é mais importante do que a execução. Eu discordo. Como é possível criar uma novidade utilizando um modelo já existente?
Ontem, após quase quatro dias sem ligar a TV, peguei um romance do Woody Allen bem no início. Um clássico que nunca havia assistido. Trata-se do filme "Noivo neurótico, noiva nervosa", estrelado pelo próprio e pela bela Diane Keaton. Só a título de curiosidade, esse filme é de 1977 e lhes rendeu quatro estatuetas: melhor direção, roteiro original, filme e atriz. A cena mais fantástica deste longa, pelo menos pra mim, foi o momento em que os dois saíam de uma boate onde ela havia cantado pela primeira vez em público. Enquanto eles caminhavam até um restaurante, ele propõe a ela que dessem um beijo ali mesmo, naquele momento, sem clima, sem nada, apenas para que os dois pudessem quebrar o protocolo do "primeiro encontro perfeito" e jantarem tranqüilos, sem a necessidade do nervosismo por conta da "espera do primeiro beijo". Se pararmos para pensar, deixando todo o romantismo de lado e analisarmos friamente a idéia, aquilo foi muito inteligente da parte dele, pois tudo rolou com muito mais naturalidade após aquele momento. Pretensão dele (do personagem)? Alguns chamariam de confiança. Até para um romântico assumido como eu, aquela cena deturpa um pouco a idéia do clima romântico ideal, mas trata-se de um filme do Woody Allen, ora bolas!
Após alguma reflexão, concluí que por mais difícil que seja, existe sempre um jeito de fazer a mesma coisa de uma maneira singular, e não fazer as mesmas coisas esperando um final brilhante e inesperado. Por mais atrativo e conveniente que seja o trivial, o novo é cheio de dúvidas, incertezas e, conseqüentemente, riscos. Errando ou acertando, acredito que o importante disso tudo é saber que aquele final é original, e que ninguém trilhou tal caminho antes de você.