Cá entre nós...

terça-feira, junho 27, 2006

Brasil na Copa


Desde criança sempre fui um apaixonado pelo futebol. Além de apaixonado, escolhi ser sofredor quando comecei a torcer para o Corinthians. Ai ai... Bom, opções à parte, o futebol nos proporciona momentos de profunda alegria e tristeza, e, na minha humilde opinião, é exatamente aí que está a graça do negócio. Felizes os dias em que futebol era apenas futebol e copa do mundo apenas copa do mundo.
Hoje tem Brasil contra Gana. Jogaço das oitavas de final. Eu deveria estar muito contente e animado em vestir minha amarelinha de número 10, ligar para os amigos, combinar churrascos e comemorações pós-jogo, mas não estou no espírito de fazer nada disso por vários motivos.
Primeiro: Galvão Bueno e cia são um porre! O cara é chato por natureza. Não aceita opiniões dos companheiros de equipe e narra um jogo que apenas ele vê. Além de que aos 5 minutos iniciais do jogo já começa a fazer conta de quem o Brasil vai pegar na próxima fase. O Arnaldo é outro. Só serve pra meter o pau nos companheiros de trabalho. Coloca-se como o melhor árbitro de todos os tempos, como se não tivesse cometido falha alguma durante sua carreira. O Casagrande? Um boçal. Ainda por cima nossa principal e mais poderosa rede de televisão, formadora de opinião, nos entope de futebol, 24h por dia, deixando de lado notícias e assuntos importantes que deveriam ser abordados e que a população deveria tomar conhecimento e prestar muuuuita atenção.
Segundo: Nossas raposas políticas aproveitam o momento de euforia geral da nação para consolidarem suas falcatruas e promoverem-se junto à população. Alguém aí lembra-se da nacionalização do petróleo e gás boliviano, e que a Petrobrás está perdendo nessa brincadeira 1,5 bilhões de dólares relativos aos investimentos feitos no país dos cocaleiros? Não, né? Bem, talvez você se recorde dos ataques do PCC na capital paulista, onde até quem não deveria morreu sem saber o motivo. Também não? Ah, então dessa você vai lembrar. O lamaçal de corrupção que começou a ser mostrado (e já dura mais de um ano) após as denúncias do Roberto Jefferson, incluindo CPI dos Correios, do Mensalão, dos escambau a quatro e agora das Sanguessugas, que nosso Exmo. Presidente insiste em dizer que não sabia de nada. Lembra dessa? Xiii... desisto.
Terceiro: Saber que o povo cobra e se preocupa mais com a seleção brasileira do que com seu próprio país. É triste ver uma nação deixar de viver durante um mês para apoiar craques que, muitas vezes, não dão a mínima para o que acontece por aqui. O povo se interessa mais pela falta de gols, ou quilos a mais, do Ronaldo do que pela falta de explicações do Lula nos escândalos já citados. Triste.
Por esses três motivos, que se eu fosse continuar escrevendo chegariam facilmente aos quinze ou vinte, eu não estou tão empolgado com essa tal de copa do mundo. Durante a Copa, a ordem é: falar futebol, comer e beber futebol e dormir futebol. O resto é resto. Ninguém liga pra mais nada. Talvez fosse até bom se o Brasil perdesse logo essa partida e nos tirasse dessa hipnose futebolística, para o bem de nosso país.
Pra terminar só uma pergunta para reflexão: Se os jogadores ganharem a copa e o Brasil o hexa, o que nós (leia povo brasileiro) ganhamos com isso?

segunda-feira, junho 12, 2006

Au Revoir Montréal



Caros amigos, minha ausência neste blog justifica-se por estar, fisicamente, de mudança. Após longos meses de aventuras em Montreal, despedi-me daquela charmosa e cosmopolita cidade e retornei ao nosso querido e sofrido Brasil. Tudo o que vivi e aprendi por lá ficará para sempre guardado em minha memória e meu coração, e com certeza serviu para que me tornasse uma pessoa melhor.
O Canadá foi mais que uma viagem. Foi uma escola. Por aquelas bandas experimentei novos idiomas, sabores e conheci gente de todos os continentes. Esses olhos viram coisas belíssimas e uma realidade nova, nem melhor ou pior, apenas diferente. Minha boca provou sabores exóticos e pronunciou palavras em diversos e inusitados idiomas. Minha pele sentiu um frio de -30º. Vai fazer frio assim lá na pqp! Meus ouvidos foram acariciados por palavras doces de pessoas amigas e bombardeados pela impaciência, para não dizer má educação, de um povo gelado. Meu nariz não é e nunca foi bom em distinguir diferentes odores, portanto utilizei-o como bússola: para onde ele apontava, eu ia. Meu coração? Bem, esse foi forte o suficiente para agüentar toda a saudade de casa, família, companheira e amigos, e ainda manteve-se aberto para trazer consigo as lembranças dos fiéis amigos que fiz por lá.
O Brasil continua sendo minha casa. Contudo, compreendi porque o mundo tem uma visão de que nosso país é "um barco à deriva". Infelizmente, diante de nossa crônica doença política, fica até difícil defender nossa honra. Mesmo assim, estou feliz por estar em casa. Esse país é lindo e alegre, não apenas pela natureza e clima tropical, mas pela simplicidade de nosso povo.
Experiências internacionais são sempre bem-vindas e sou grato a Montreal por ter me acolhido e me aberto horizontes, mas lugar para viver é aqui! Hoje tenho absoluta certeza de que nada substitui a sensação de estar onde pertenço. Nada me faz mas feliz que estar EM CASA.