Cá entre nós...

segunda-feira, julho 17, 2006

A Internet e o Jogo da Sedução


Nunca fui o estilo Don Juan ou Casanova no jogo da sedução. Entretanto, também não fui aquele garoto envergonhado que falava com as garotas desviando o olhar, com medo de fitá-las nos olhos. Eu era mais um a jogar, colhendo fracassos e sucessos neste campo. As sensações causadas pelas paqueras, sucedidas ou não, foram umas das melhores que já senti. Ficaram para trás, mas aqueles foram bons tempos. Só fiquei chateado em saber que uma das sensações mais deliciosas que o ser humano pode sentir está em extinção por conta da praticidade trazida, inevitavelmente, pela evolução.
Ontem, em uma reportagem mostrada pelo Fantástico, vi a garotada argumentando sobre as vantagens dos relacionamentos iniciados e muitas vezes mantidos via internet. Infelizmente só consegui enxergar desvantagens, embora eles tenham citado apenas pontos positivos. Nada contra a internet. Por favor, não me entendam mal. Desde meus 16 anos me divirto muito por aqui e ganhei muitos bons e fiéis amigos durante estes anos. Ocorre que, nos dias de hoje, as pessoas trocam com muita facilidade o contato ao vivo e a cores pelas facilidades trazidas pelos chats e MSNs da vida. Hoje em dia temos a cara-de-pau de dizer que perdemos contato com um amigo ou familiar simplesmente porque o e-mail dele não é mais o mesmo, ainda que ele continue moranda na mesma casa em que reside desde que nasceu.
Segundo os jovens, é muito mais fácil a aproximação via internet, já que o impacto de um “fora virtual” não é tão ruim quanto o “fora cara a cara”. Sua paquera não notará sua eventual cara de bobo, seu suor escorrendo frio na testa ou até mesmo seu rosto queimando de vergonha após um sonoro “não”. Você pode simplesmente desconectar o computador e fazer de conta que nada aconteceu. Talvez possa utilizar um vocabulário mais “neutro” durante sua investida virtual e, caso a pessoa perceba sua insinuação e vá logo te despachando, você explica e diz que ela o entendeu de maneira errada. Afinal, não foi nada daquilo que você quis dizer. Pronto! Você conseguiu esconder de todos, menos de si mesmo, a cortada que alguém acabou de lhe dar.
Para muitos posso até estar errado, mas acredito que a graça e emoção de uma nova conquista é exatamente o que passamos antes e durante o momento em que não temos outra opção, senão dizer àquela pessoa o quanto ela é especial e como gostaríamos de estar sempre ao lado dela. Sofremos um bocado ao vê-la passar, independente se ela sabia, não sabia, ligava ou não dava a mínima para o que sentíamos. Bolávamos planos mirabolantes para criar situações que nos colocassem em condição de impressioná-la, e decorávamos frases clichê em casa para causar um efeito positivo, capturar e prender sua atenção. Enfim, chegava a hora em que estávamos em um beco sem saída. Era dizer tudo o que estava engasgado ou acovardar-se diante de todo o sofrimento das semanas anteriores e ir para casa sem ter dito uma palavra do que havia ensaiado horas antes, sem ao menos saber o que ela diria após seu discurso. Suas chances com essa pessoa? Saindo tudo certinho, como previu, ou dando tudo errado: 50%, claro.
Com certeza era e continua sendo frustrante levar um fora de alguém, mas sem medo de errar digo que o “sim” pagava, com sobra, todo o esforço incondicional feito por "ela" e apagava todo o sofrimento deixado por frustrações anteriores. Por outro lado, o “não virtual” tem o mesmo sabor amargo que o “não ao vivo”, pois apesar de não parecer tão contundente, é um “não” do mesmo jeito. Portanto, por que não viver um leque muito maior e intenso de emoções (que causam inclusive reações químicas inexplicáveis em nosso organismo) a apenas renunciar a tudo isso e utilizar-se de uma ferramenta impessoal e nada romântica como a internet? Como romântico assumido, acredito que existe apenas uma maneira de conquistar alguém: mostrando quem você realmente é. Por isso, na minha opinião, não existe maneira mais certa ou mais errada, existe apenas uma.
Viva os românticos à moda antiga. Palmas a quem tem a coragem de abrir seu coração e dizer tudo o que sente olhando nos olhos do outro. Neste mundo cheio de sofrimento e agonia, nobres os que têm a coragem de continuar dando a cara a tapas no jogo da sedução e buscando um verdadeiro amor.

10 Comments:

  • At quarta-feira, julho 19, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Quero também lembrar que o que era de mim, agora estendeu-se para o Nós! E estou lhe convidando para essa tal novidade. Não entendeu? Informações mais detalhadas no meu blog!

     
  • At domingo, julho 30, 2006, Blogger valter ferraz said…

    Gui, 100% com vc. Agora, que está difícil encontrar a recíproca também acho verdade. Tristes tempos estes. As pessoas trocam todo esse arsenal de emoções que vc muito bem elencou pela facilidade de esconder-se atráz do elan sedutor do PC e incognitos passeam pelas blogs, chats e outros artifícios como quem vagueia anônimo por single-bar à caça, no meu tempo(pareço um pré-histórico) a gente ensaiava a semana inteira o que iria dizer/fazer quando encontrasse a pessoa desejada no baile de formatura, na festa de aniversário, no "som" de sábado à noite. É passado, eu sei. Mas era muito melhor.
    Garoto, estamos aqui e é um prazer passear pelo teu blogue. Aos poucos vamos ver os posts que perdemos desde teu retorno. Prazer em te ver. Abraço grande.

     
  • At segunda-feira, julho 31, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Ana e Válter,
    É um prazer tê-los de volta. Fico feliz em saber que vocês também são a favor do amor ao vivo!
    Um grande abraço!

     
  • At terça-feira, agosto 01, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Oi, Gui,
    como faco parte daquela turma das antigas, tipo pre-hsitorica, onde ate a televisao seria novidade, mesmo procurando estar sintonizado, por dentro, ou por perto, das novidades, acho essa pratica de conquista, via internet, uma verdadeira idiotice, aumentada pela total falta da proximidade corporal, que, queiram ou noa, pra mim sempre foi essencial. Nao ver de perto, nao sentir os odores e palpitacoes, aquela vertigem do vai dar certo, ou nao, a valorizacao real da conquista, parece-me uma coisa inteiramente falsa.
    Mas, convenhamos, no momento em que "ficar", virou a palavra de ordem, passo a achar ate coerente.Coerentemente idiota.
    Abracao
    fernando cals

     
  • At terça-feira, agosto 01, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Fernando,
    Nada como a voz da experiência para confirmar minhas palavras. Obrigado pela visita.
    Um abraço.

     
  • At terça-feira, agosto 01, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Eu sou totalmente a favor do amor ao vivo...Eu apesar de não parecer sou mega tímida pra esses lances do amor...Mas acho que temos que passar pelas etapas: nervoso, expectativa, "será que ele vai estar lá?", "será que se ele estiver ele vai me olhar?", "será que se ele me olhar eu vou ter coragem de dar a entender que estou a fim?", "e se ele quiser me beijar?", "será que o beijo dele é bom?", será? será?

    hehehehehe.

     
  • At terça-feira, agosto 01, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Angela,
    Quantas perguntas, não? rs
    É difícil de acreditar que nos dias de hoje as pessoas estão renunciando sensações como essas. Não sabem o que estão perdendo.
    Um abraço.

     
  • At quarta-feira, setembro 06, 2006, Blogger Sobre tudo e nada ao mesmo tempo said…

    Ouço das pessoas que a Internet facilitou a vida no quesito relacionamento, concordo o quanto tornou-se fácil conhecer alguém, mas com certeza isso só facilitou aos relacinamentos que são superficias, não posso negar que casei-me com alguém que conheci na internet (no começo disso tudo), e hoje estou separada após 6 anos de casamento, porque descobri que a pessoa que conheci nunca existiu de verdade, e para ele manter aquele personagem criado por muito tempo foi dificil e uma hora o próprio desistiu !
    Hoje sou mais do que nunca a favor do contato visual, do olhos nos olhos, os olhos não mentem ! Romantica assumida, adoro sentir o friozinho na barriga, quando deparamo com um olhar correspondido, mesmo que timido !!!

    um beijo

    Paula

     
  • At quarta-feira, setembro 06, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Paula,
    Posso lhe assegurar que usei e abusei da internet, no quesito relacionamentos. Daquele tempo eu trouxe muitos e bons amigos. Um, inclusive, me deu a primeira filha, para que eu a batizasse, e também serei seu padrinho de casamento em novembro. Somos amigos há alguns vários anos.
    Sinto muito por sua experiência, muito mais profunda do que qualquer uma que eu tenha vivido na internet. Pena que o que prevaleceu nessa história foram os personagens, e não as pessoas por trás deles.
    Anyway, torço para que encontre a verdadeira felicidade!
    Um abraço.

     
  • At quarta-feira, setembro 06, 2006, Anonymous Anônimo said…

    Paula,
    Posso lhe assegurar que usei e abusei da internet, no quesito relacionamentos. Daquele tempo eu trouxe muitos e bons amigos. Um, inclusive, me deu a primeira filha, para que eu a batizasse, e também serei seu padrinho de casamento em novembro. Somos amigos há alguns vários anos.
    Sinto muito por sua experiência, muito mais profunda do que qualquer uma que eu tenha vivido na internet. Pena que o que prevaleceu nessa história foram os personagens, e não as pessoas por trás deles.
    Anyway, torço para que encontre a verdadeira felicidade!
    Um abraço.

     

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